09/07/2014
Ana Paula Gioia / Ascom Fiocruz Amazonas
Descoberto há 50 anos, o arbovírus Chikungunya tem circulado pelos continentes africano, asiático, europeu, chegando recentemente à América Central e América do Sul. A partir de estudos na literatura existente, o pesquisador do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazonas), Felipe Naveca, alerta para a sua chegada ao Brasil e os impactos prováveis. Após sofrer mutação, sua transmissão tornou-se mais fácil, principalmente, através dos mosquitos Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus, os mesmos vetores da dengue.
Segundo Naveca, no Brasil, os casos notificados foram “importados”, ou seja, as pessoas infectaram-se nos países onde o vírus circula e adoeceram quando voltaram para o Brasil. Os casos recentes foram de seis militares brasileiros que estiveram no Haiti e ao retornarem desenvolveram os sintomas, sendo diagnosticados pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. “Até o momento, não há registro oficial da circulação do Chikungunya no país. Como temos casos em países vizinhos é praticamente impossível impedir a sua entrada no Brasil. Em alguns locais, onde circulou este vírus, foi muito alta a taxa da população infectada”, explicou Naveca.
O pesquisador avalia que, se houver uma epidemia no Brasil, pode ocorrer importantes impactos, dentre eles econômico, pois a pessoa que for acometida pela febre Chikungunya, terá dificuldade para se recuperar e será obrigada a se afastar do trabalho por um longo tempo. Para impedir a disseminação da doença seria necessário intensificar as ações de combate aos vetores (Aedes aegypti e Aedes albopictus).
Os sintomas são parecidos com os da dengue e manifestam-se entre 3 a 12 dias, após ser infectado pelo arbovírus. O paciente infectado apresenta febre muito alta (acima de 39°C), náuseas, vômitos, intensas dores nas articulações (artralgia) e na cabeça (cefaleia), além de erupções cutâneas (exantema). Em muitos casos, a artralgia pode durar meses e algumas pessoas podem desenvolver casos atípicos (manifestações dermatológica, ocular, cardiovascular, renal e neurológica).
O tratamento é apenas de suporte em que o médico monitora os sintomas do paciente, faz a hidratação e medica com analgésicos. No Amazonas, a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas é o mais indicado para atender esses casos, mas se ocorrer uma epidemia, as unidades de assistência à saúde deverão estar preparadas para minimizar o impacto na população.
Quanto ao diagnóstico laboratorial, pode ser feito por isolamento viral, realizado a partir de mosquitos coletados no campo ou em amostras de soro; por sorologia, em que é utilizado o soro obtido a partir de sangue total após oito dias do início dos sintomas; e pelo teste de detecção do material genético do vírus (PCR em tempo real), que é o mais prático e pode ser feito pela Fiocruz Amazonas, a partir da expertise acumulada com o projeto para a detecção do vírus Mayaro (parecido com o Chikungunya), financiado pela Fapeam.