06/04/2015
Ainda que alardeada e, em certo grau, até mesmo inventada pelos que tiram partido dela, a crise política se faz presente em diversos setores da vida pública e privada brasileira. É diante dela que revista Radis de abril de 2015, que já pode ser lida aqui, cumpre um dos papéis mais nobres do jornalismo: medir o pulso da sociedade e enriquecer a reflexão sobre o que estamos vivendo. A reportagem de capa chama atenção para um dos temas mais caros aos que se interessam por transformações sociais efetivas: a educação.
Com o título Sem investimento não há educação, o texto fala sobre a aprovação, no ano passado, do Plano Nacional de Educação. Visto como uma vitória pelas organizações que atuam na área educacional do país, o desafio agora é colocá-lo em prática, cumprindo as vinte metas estabelecidas para os próximos dez anos. “Quem está realmente comprometido em tirar o Plano Nacional de Educação do papel?”, pergunta, em editorial, a Radis. Entre os problemas discutidos na reportagem, está a necessidade de se aumentar os recursos financeiros da educação e também a importância de se articular as três instâncias, municipal, estadual e federal, para o cumprimento do que foi estabelecido no plano.
Na seção de entrevista, o antropólogo Richard Parker, diretor-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, condenou o viés sensacionalista adotado pela mídia tradicional em suas reportagens, no início deste ano, sobre o Clube do Carimbo, grupo de pessoas que deliberadamente contaminam outras com o vírus HIV. Parker engrossa o coro das entidades que trabalham com a doença, que condenaram as reportagens, por acreditarem que elas aumentam o estigma que envolve a Aids.
O congresso brasileiro, que vive hoje uma onda de conservadorismo, aparece como personagem em três artigos da seção Súmula. Um deles fala do calote dos planos de saúde ao SUS e lembra que o atual presidente da câmara dos deputados é o centro do lobby do setor privatista da saúde. Outro artigo problematiza o fato de que deputados ruralistas assumiram o controle da comissão que analisa uma emenda constitucional que altera as regras de demarcação de terras indígenas. Na implacável definição popular, é o famoso 'colocar a raposa para cuidar do galinheiro'. Para não dizer que não há alguma flor no horizonte, por fim, um terceiro texto fala de um projeto de lei que tramita no senado e que regulamenta a política sobre desertificação dos solos, contando com o apoio dos movimentos sociais.
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