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16/12/2019

Seminário de hepatites virais apresenta estudos com indígenas

José Gadelha (Fiocruz Rondônia)


O I Seminário de Hepatites Virais Crônicas na Saúde Indígena, realizado em Porto Velho, teve como proposta intensificar as ações de controle e diagnóstico das hepatites virais crônicas na população indígena de Rondônia, além de promover parcerias entre o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI Porto Velho) e instituições como a Fiocruz, o Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem), a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RO). Com uma população de 13.638 indígenas, em 191 aldeias, o DSEI Porto Velho abrange o sul do Amazonas, o norte do Mato Grosso e mais cinco municípios de Rondônia, incluindo a capital.

A pesquisadora Deusilene Vieira ressaltou a importância dos projetos que abrangem grupos populacionais mais vulneráveis como povos indígenas e pessoas privadas de liberdade (Foto: Fiocruz Rondônia)

 

De acordo com o coordenador de Saúde Indígena de Porto Velho, Luiz Tagliani, um dos principais desafios é promover a assistência à saúde nessas comunidades que sofrem com a distância e o número reduzido de profissionais que atuam, especialmente, no apoio à saúde indígena. Atualmente, o DSEI Porto Velho conta com 16 equipes multiprofissionais para atenderem as 191 aldeias que integram o Distrito. 

“É preciso ampliar o atendimento oferecido à população indígena, e a parceria que realizamos com a Fiocruz RO vem fortalecendo cada vez mais a nossa proposta de oferecer um acompanhamento individualizado aos pacientes indígenas, que são portadores de hepatites”, destacou Luiz Tagliani. 

O pesquisador em Saúde Pública e médico infectologista Juan Miguel Villalobos-Salcedo destacou a importância de um acompanhamento clínico e laboratorial mais preciso aos pacientes indígenas portadores de hepatites virais. O diretor geral do Cepem, Mauro Tada, enfatizou o trabalho que já vem sendo desenvolvido pelo Cepem no atendimento aos casos de hepatites e outras doenças transmitidas por vetores e contato sexual, que afetam a população indígena da região.

A pesquisadora em Saúde Pública e chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, Deusilene Vieira, ressaltou a importância dos projetos de pesquisa executados pelo laboratório, que abrangem grupos populacionais mais vulneráveis como povos indígenas e pessoas privadas de liberdade, e reforçou a necessidade “de mais iniciativas que possam colaborar para a apresentação à sociedade dos resultados alcançados pelas pesquisas realizadas pela Fiocruz”.

Estudos apresentados

Durante o evento, foram realizadas exposições orais de projetos de pesquisa que são desenvolvidos pelo Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz RO. A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental (PGBIOEXP/Fiocruz RO/Unir) Fabianne Araújo abordou a Análise epidemiológica e molecular do vírus da hepatite B e Delta na população indígena de Rondônia, demonstrando que três dos 5cinco polos-base do DSEI Porto Velho concentram prevalência das hepatites virais crônicas, entre os indígenas que participam da pesquisa. 

Análise filodinâmica e filogeográfica do vírus da hepatite delta isolado de população ameríndia na Amazônia Ocidental foi o título da palestra apresentada pelo biomédico e mestrando do PGBIOEXP Felipe Souza Nogueira Lima, que abordou, entre outros assuntos, aspectos históricos da doença e a evolução do vírus (HDV). Os resultados parciais da pesquisa intitulada Determinação genotípica e mutações que influenciam as condições clínicas do vírus da hepatite B nas populações indígenas foram apresentados pela estudante de Iniciação Científica Jessiane Rodrigues Ribeiro, que explicou sobre os diversos fatores que influenciam o curso clínico e as consequências da infecção pelo vírus da hepatite B.

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