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30/11/2017

Simpósio de Neuroinflamação termina após três dias de debates

Pedro Luna


O Simpósio Internacional de Neuroinflamação terminou, nesta quarta-feira (29/11), após três dias de discussões e debates. O evento, realizado no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, contou com mais de 500 inscritos e apresentou palestras de pesquisadores de diversas instituições nacionais e estrangeiras, que destacaram os avanços dos conhecimentos científicos relacionados ao campo da neuroinflamação. O simpósio foi promovido pela Fiocruz em parceria com a Universidade Federal do Ceará, com o apoio do governo do Estado, do instituto Pasteur e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em NeuroImunoModulação (INCT-NIM).

Coordenador do evento, Wilson Savino aponta que saldo foi positivo e atendeu a necessidade de discutir importantes questões na área da saúde (foto: Barbosa Neto)

 

Segundo o coordenador científico do simpósio, Wilson Savino, o saldo do evento foi positivo e atendeu a necessidade de discutir importantes questões na área da saúde. “Os estudos sobre a neuroinflamação são muito importantes para o entendimento de uma série de doenças, sejam elas de natureza infecciosa ou não, que tem repercussão sobre o sistema nervoso através de processos inflamatórios. Estudar os mecanismos, as possibilidades e o controle dessas inflamações em diversas doenças é algo fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, ressaltou Savino. 

Doenças no sistema nervoso

Mal de Alzheimer. Autismo. Esquizofrenia. As doenças que afetam o sistema nervoso foram destaque nas palestras ministradas durante o simpósio. O professor doutor Jean Pierre Peron, do departamento de Imunologia da USP, apresentou um estudo sobre a relação entre o vírus zika e o desenvolvimento de desordens neurológicas nos indivíduos. Para o professor, a oportunidade de falar sobre a doença foi um importante passo para dar visibilidade ao tema, tendo em vista o recente surto de grandes proporções que ocorreu no Brasil. “O vírus zika foi descoberto há 70 anos, mas os estudos sobre a doença só foram intensificados após os surtos recentes que iniciaram na Polinésia Francesa, em 2013, e que se alastraram para outros países, como os Estados Unidos e o Brasil. Então se trata de uma doença que ainda carrega muitos mistérios. Por isso, é importante dar incentivo e visibilidade para que os pesquisadores continuem decifrando a influência do vírus nas má formações neurológicas dos indivíduos, como a microcefalia”, afirmou Jean.

Considerado por especialistas em saúde mental como o mal do século, a depressão também foi alvo de debates durante a programação do evento. O professor doutor e coordenador do Laboratório de Imunologia do Envelhecimento da PUCRS, Moisés Evandro Bauer, abordou em sua palestra o impacto dos traumas ocorridos na infância como motivador do surgimento de transtornos neurológicos nos indivíduos. “Através dos dados obtidos por meio de experiências, identificamos em jovens que sofreram violência e abusos na infância uma maior presença de stress. Esse stress excessivo tem efeito negativo sobre o organismo humano e o torna menos resistente a inflamações. Dessa forma, notamos nesses jovens a tendência a desenvolver doenças psiquiátricas, como a depressão, por meio da presença de inflamação no cérebro”, explicou o professor Moisés.

Exposição de pôsteres

Pôsteres foram analisados pelos pesquisadores e palestrantes presentes no evento (foto: Barbosa Neto)

 

O simpósio também contou com uma exposição de pôsteres contendo resumos científicos. Os pôsteres foram analisados pelos pesquisadores e palestrantes presentes no evento e seis deles foram escolhidos para receber menções honrosas, três no nível de iniciação científica, e três no nível de pós-graduação. A estudante do mestrado em Farmacologia da Universidade Federal do Ceará, Manoela de Oliveira Rebouças, foi uma das escolhidas com o resumo Riparina IV Como Efeito Antioxidante e Neuroprotetor sobre a Neuroinflamação Crônica Induzida por Corticosterona. Para Manoela, a experiência do simpósio foi um passo importante em sua carreira. “A neuroinflamação é o assunto do meu mestrado, portanto foi muito vantajoso comparecer ao simpósio e assistir a palestras sobre esse campo. Além disso, ter o trabalho avaliado e selecionado por profissionais da área em que irei atuar no futuro foi um grande diferencial”, explicou. 

O Simpósio Internacional de Neuroinflamação foi realizado por meio de uma ação conjunta entre a Fiocruz e o Governo do Ceará, e marcou o início de uma série de eventos que culminarão na inauguração do campus da Fiocruz Ceará, no Polo Industrial e Tecnológico da Saúde, no Eusébio, região metropolitana de Fortaleza. Segundo Wilson Savino, “o campus da Fiocruz, quando inaugurado, terá papel fundamental no processo de desenvolvimento científico do Ceará e por consequência, do Brasil”. 

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