06/03/2017
Fernanda Marques (Editora Fiocruz)
Um compromisso com o entendimento da realidade presente para a preparação do futuro, buscando influenciá-lo de modo a aproximar os horizontes desejados e afastar desvios indesejáveis. Essa é a proposta da coletânea Brasil Saúde Amanhã: população, economia e gestão, organizada por Paulo Gadelha, José Carvalho de Noronha, Sulamis Dain e Telma Ruth Pereira, lançamento da Editora Fiocruz. A partir das metodologias e ferramentas da prospecção estratégica, os autores trazem reflexões sobre o país que queremos em um horizonte de vinte anos. Apesar de apresentar um grau de incerteza grande, a prospecção estratégica – assumida como um exercício de reflexão permanente – possibilita identificar tendências, construir indicadores e intervir na realidade. Nesse sentido, os autores do livro proporcionam reflexões que buscam articular desenvolvimento econômico, social e ambiental.
“Prospectar o futuro é ter um programa de ação. É criar elementos para a articulação e indução de políticas econômicas e sociais, no interesse do desenvolvimento com equidade, fomentando o acesso e a inclusão de camadas excluídas, expandindo e assegurando direitos sociais às significativas parcelas da população que permanecem marginalizadas”, destacam os organizadores. “Tomando a realidade atual como ponto de partida e a materialização das aspirações como ponto de chegada, torna-se possível projetar futuros favoráveis ao desenvolvimento econômico e social, dos quais faz parte um patamar mais elevado de gasto público em saúde, compatível com a universalização do acesso, há tanto anunciada”, complementam.
A proposta da coletânea é que não se restrinja o olhar a um cenário imediato. Ao contrário, o objetivo é influenciar ativamente o planejamento nacional de médio e longo prazo no campo das políticas de saúde. Para tanto, é preciso compreender a saúde não como a mera oferta de um pacote de serviços, mas como uma construção social que abarca os mais variados setores – economia, política, cultura, demografia, saneamento básico, meio ambiente, agricultura, indústria, ciência e tecnologia, gestão pública etc.
Comprometido com a efetivação do SUS e a melhoria da saúde pública brasileira, o livro aborda temas como projeções do perfil epidemiológico do país, organização e gestão dos serviços de saúde, inclusive fornecendo um olhar regional e territorial sobre os assuntos discutidos. “Pensar e atuar sobre as desigualdades territoriais na saúde é o caminho para diminuir diferenças marcantes na oferta de serviços e ações, no acesso, nas barreiras de entrada ao sistema de saúde, bem como reduzir as desigualdades oriundas do meio socioeconômico e cultural e da forma como se dão as decisões políticas”, avalia professora Ana Luiza d’Ávila Viana, da Faculdade de Medicina da USP, que assina a orelha do livro.
Os capítulos analisam questões como a participação política e as novas organizações de representação de interesses ligados a políticas públicas e sociais; as transformações vividas pelo país no campo da demografia; a gestão pública; os cenários econômicos; o setor privado e os movimentos de internacionalização, fusões e aquisições no âmbito da saúde. Também ganha relevo no livro a questão da luta pela garantia de mais recursos para a saúde pública brasileira.
“Ainda há um longo caminho a percorrer para se alcançar um patamar razoável de gasto público em saúde no Brasil”, afirmam os organizadores. “Em um cenário ideal para a saúde pública no Brasil, os autores afirmam que seria necessário contar com um aumento significativo na participação do setor público em saúde – por exemplo, um crescimento de 50% sobre a composição atual”. A coletânea integra um conjunto de publicações resultantes da iniciativa Brasil Saúde Amanhã, rede multidisciplinar de pesquisa coordenada pela Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde.
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