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04/04/2019

Fiocruz Rondônia elabora sistema de microscopia inédito no Norte

José Gadelha da Silva Júnior (Fiocruz Rondônia)


Um sistema inédito de microscopia está sendo desenvolvido pela Fiocruz Rondônia, em Porto Velho. O projeto é executado com recursos da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), que busca promover o desenvolvimento econômico e social do país, por meio do fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação.

Projeto prevê a implementação de um Microscópio Confocal Nikon, equipamento moderno com capacidade de capturar imagens de altíssima qualidade (foto: José Gadelha da Silva Júnior)

 

Intitulada Ampliação do Parque Tecnológico do Polo de pesquisa, inovação, desenvolvimento e difusão em Saúde, em Rondônia (Ampid), a iniciativa da Finep é liderada pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gustavo Menezes, pesquisador visitante sênior da Fiocruz Rondônia, e coordenada por Juliana Zuliani, pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia e docente da Universidade Federal de Rondônia (Unir).

De acordo com Gustavo Menezes, o projeto prevê a implementação de um Microscópio Confocal Nikon, equipamento moderno com capacidade de capturar imagens de altíssima qualidade e tecnologia extremamente recente. Na prática, esse é um sistema não convencional. “A ideia da Fiocruz Rondônia é padronizar uma metodologia para que possam ser observados fenômenos biológicos mais próximos da natureza. Ao invés de fazer uma microscopia dentro de um pedaço de tecido que morreu, podemos fazer um preparo em animais de experimentação, o que inclui mosquitos e camundongos”, afirma Menezes. Segundo ele, a técnica oportuniza a visualização de fenômenos biológicos em tempo real, dentro de um animal vivo, por exemplo. 

Entre os avanços trazidos a Rondônia, a implementação de um sistema de microscopia intravital (imagem de animais ainda vivos) irá promover o intercâmbio de pesquisadores de outros estados para a região Norte. Quando estiver em pleno funcionamento, o sistema fará com que Porto Velho passe a ter um pólo de tecnologia e ciência, como em estados do Sudeste. O pesquisador destaca que apenas Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, desenvolvem esse mesmo sistema de microscopia intravital. 

Dentro dos programas de pós-graduação desenvolvidos pela Fiocruz Rondônia em parcerias com outras instituições, como a Universidade Federal de Rondônia, acadêmicos já recebem orientações sobre o novo sistema. “Estamos trabalhando há um ano na formação dessas pessoas, e a nossa missão é mostrá-las o que está por trás da tecnologia que o equipamento usa, para que saibam desenvolver projetos de pesquisa que contemplem o microscópio. Estamos pensando numa múltipla formação, não só técnica, mas também em como a pesquisa científica pode se beneficiar da técnica”, ressalta o pesquisador. 

Avanços em saúde

Para Gustavo Menezes, é grande a possibilidade de utilização das técnicas desse equipamento em atividades que poderão auxiliar no diagnóstico de doenças autoimunes, doenças parasitárias e testes que, até então, são feitos fora do estado. “O mesmo microscópio que faz o diagnóstico de uma doença autoimune, em São Paulo, estará aqui”, comenta.

A pesquisadora em Saúde Pública Juliana Zuliani, responsável pelo Laboratório de Imunologia Celular Aplicada à Saúde, destaca que o microscópio irá trazer inúmeras contribuições ao estado de Rondônia, pois foi adquirido envolvendo o Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem Rondônia), a Universidade Federal de Rondônia e a Embrapa. Essas instituições compõem o polo tecnológico que está sendo implantado no estado e irão se beneficiar. “Assim como a saúde, a agricultura, as engenharias, o ramo de serviços e outros setores que movimentam a economia da região poderão utilizar essa tecnologia”, finalizou. Atualmente, o projeto de implementação do sistema de microscopia intravital está em fase final, só dependendo da segunda fase de liberação de recursos da Finep e terá um custo de aproximadamente 1,5 milhão de reais. 

Polo Integrado

O Polo Integrado de Saúde (PID) surgiu com objetivo de reunir profissionais de diferentes instituições de Rondônia (Fiocruz Rondônia, Cepem, Ipepatro e Unir), tornando-se um centro de referência para apoiar e desenvolver as atividades de pesquisas e formação de recursos humanos. No âmbito deste projeto, pretende-se ampliar a produção científica, tecnológica e de inovação, como também a cooperação entre diversas instituições que atuam nessas áreas, além de oportunizar a formação de recursos humanos de alto nível, para atuação dentro e fora do estado de Rondônia.

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