21/01/2016
O Ministério da Saúde (MS) distribuirá 500 mil testes para realizar o diagnóstico de PCR (biologia molecular) para o vírus zika. Com isso, os laboratórios públicos ampliarão em 20 vezes a capacidade dos exames, passando de mil para 20 mil diagnósticos mensais. As primeiras 250 mil unidades serão entregues, em fevereiro, inicialmente para 27 laboratórios, sendo quatro de referência e 23 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). A previsão é que os outros 250 mil testes estejam disponíveis a partir do segundo semestre. No total, o Ministério da Saúde investiu R$ 6 milhões para a aquisição dos produtos.
“A ampliação da capacidade de testagem do zika permitirá maior representatividade e segurança para que sejam estudadas as tendências do vírus. Quanto mais amostras forem analisadas semanalmente, mais informações teremos para avaliar o modelo de vigilância do zika e assim realizar adaptações, caso necessário”, ressaltou Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Além deste quantitativo, também serão adquiridos outros 500 mil testes nacionais de biologia molecular, produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para diagnóstico de dengue, zika e chikungunya. Chamado de Kit NAT Discriminatório para dengue, zika e chikungunya, o procedimento permite realizar a identificação simultânea do material genético para os três vírus, evitando a necessidade de três testes separados. A novidade garantirá maior agilidade para o diagnóstico realizado na rede de laboratórios do Ministério da Saúde, além de reduzir os custos e permitir a substituição de insumos estrangeiros por um produto nacional.
A recomendação do Ministério de Saúde, conforme Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia, é que sejam priorizadas, para a realização do teste, mulheres grávidas com sintomas do vírus zika, gestantes com bebê microcefálico, além de recém-nascidos com suspeita de microcefalia.
Boletim
O novo informe epidemiológico, divulgado nesta quarta-feira (20) pelo MS, indica 3.893 casos suspeitos de microcefalia. As notificações foram registradas até 16 de janeiro e ocorreram em 764 municípios de 21 unidades da federação. O boletim aponta o detalhamento dos casos confirmados e descartados. Do total notificado, 224 tiveram confirmação de microcefalia, 6 confirmaram a relação com o vírus Zika e outros 282 foram descartados. Continuam em investigação 3.381 casos suspeitos de microcefalia. Confira aqui a apresentação completa do MS.
No total, foram notificados 49 óbitos por malformação congênita. Destes cinco foram confirmados para a relação com o vírus zika, todos na região Nordeste, sendo um no Ceará e quatro no Rio Grande do Norte. Além destes casos, a divulgação traz também o resultado da investigação laboratorial de um bebê com microcefalia em Minas Gerais, que teve a relação com o zika diagnosticada. Esta é a sexta confirmação da relação da doença com o vírus. Esses resultados somam-se às demais evidências científicas obtidas em 2015 e reforçam a hipótese de relação entre a infecção pelo vírus zika e a ocorrência de microcefalia e outras malformações congênitas.
De acordo o informe, o estado de Pernambuco continua com o maior número de casos suspeitos (1.306), o que representa 33% do total registrado em todo o país. Em seguida, estão os estados da Paraíba (665), Bahia (496), Ceará (216), Rio Grande do Norte (188), Sergipe (164), Alagoas (158), Mato Grosso (134) e Rio de Janeiro (122).
Atualmente, a circulação do zika é confirmada por meio de teste PCR, com a tecnologia de biologia molecular. A partir da confirmação em uma determinada localidade, os outros diagnósticos são feitos clinicamente, por avaliação médica dos sintomas. Até o momento, estão com circulação autóctone do vírus zika 20 unidades da federação. São elas: Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Roraima, Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
Melhorias
Para facilitar ainda mais o entendimento dos profissionais de saúde nos estados e municípios para as notificações dos casos suspeitos de microcefalia, o Ministério da Saúde está ajustando as nomenclaturas do Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia relacionada à Infecção pelo Vírus Zika para Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia. O objetivo é dar subsídio aos gestores estaduais e municipais de saúde para melhorar o conhecimento da situação epidemiológica de ocorrência de microcefalia, independente da causa em suas regiões.
“Estamos atualizando o protocolo para simplificar a definição de casos e facilitar a interpretação dos municípios. Assim, vamos evitar que casos que não se encaixam na nossa busca prejudiquem a avaliação dos dados”, explicou o Maierovitch.
A medida reforça a necessidade de serem notificados todos os casos de microcefalia, principalmente aqueles relacionados a algum agente infeccioso causador de malformação congênita. Entre os causadores estão: sífilis, toxoplasmose, outros agentes infecciosos, rubéola, citomegalovírus, herpes viral e o vírus zika.
Orientação
O Ministério da Saúde orienta as gestantes adotarem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.