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08/12/2017

Livro reforça papel estratégico do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos

Fernanda Marques (Editora Fiocruz)


As vacinações cumprem seu objetivo – imunizar as pessoas contra doenças infecciosas de grande relevância – graças a um eficiente processo de conservação, armazenamento e distribuição das vacinas (ou imunobiológicos), denominado rede de frio. A formação dos trabalhadores que atuam nessa área carecia de materiais didáticos que abordassem a temática de forma ampla, e não apenas técnica. Essa demanda acaba de ser atendida com o lançamento dos livros Rede de Frio: fundamentos para a compreensão do trabalho e Rede de Frio: gestão, especificidades e atividades. Este segundo volume destaca a necessidade do trabalho compartilhado e do planejamento para a gestão eficiente da rede de frio, bem como o papel estratégico que o trabalhador desempenha nesse processo. Abordando uma variedade de assuntos, do calendário vacinal ao gerenciamento de resíduos, o livro objetiva contribuir para uma atuação crítica e inovadora dos profissionais em seu cotidiano de trabalho na rede de frio.

A equipe da rede de frio é composta por trabalhadores com os mais variados perfis: farmacêuticos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, auxiliares, administrativos e pessoal de apoio em geral, almoxarifes, armazenistas, profissionais da importação, profissionais de carga e descarga, operadores de empilhadeira, entre outros. Todos têm um importante papel a ser desempenhado para o correto funcionamento da rede. “As atividades desenvolvidas por todos estes profissionais irão requerer um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos com o objetivo de assegurar a qualidade dos insumos (imunobiológicos), por meio de condições adequadas de recebimento, armazenagem, manuseio, controle eficaz de estoque e transporte”, reforçam as organizadoras.

Em relação aos aspectos técnicos, certamente, o mais básico e essencial, e que merece destaque, é a manutenção dos imunobiológicos em condições adequadas de refrigeração em todas as etapas, em qualquer nível ou instância do país, incluindo o armazenamento e o transporte das vacinas do nível nacional até o usuário final. No âmbito da gestão, por sua vez, destaca-se um novo profissional que se incorporou mais recentemente às equipes: o especialista de rede de frio. “Trata-se de um profissional atuante na central de rede de frio e que, mediante uma formação específica, se torna especialista em gestão de rede de frio de imunobiológicos, apto para a gestão das centrais de armazenamento e distribuição”, explicam as organizadoras. Não por acaso, este segundo livro Rede de Frio se inicia com a questão do planejamento em saúde. Afinal, o sucesso da imunização depende de uma série de procedimentos que antecedem a aplicação das doses de vacina, envolvendo a preparação e a organização de recursos materiais e humanos.

Em seguida, o livro apresenta as estratégias de vacinação adotadas no país – vacinação de grupos etários e trabalhadores da saúde, vacinação de bloqueio, vacinação extramuros, campanhas etc. Aborda também características das redes pública e privada, bem como “ações de equidade no favorecimento do acesso à imunização de grupos populacionais em maior situação de vulnerabilidade”. O livro permite conhecer um pouco sobre o Programa Nacional de Imunizações (PNI), cuja criação possibilitou avanços como a erradicação da varíola e a eliminação da poliomielite, do sarampo e da rubéola, entre outros. “É inegável a contribuição do PNI para a redução das desigualdades regionais e sociais, ao viabilizar a vacinação para todos os brasileiros, em todas as localidades de fácil ou difícil acesso”, afirmam os autores.

A preocupação dos usuários com a segurança das vacinas também é discutida no livro. “Hoje em dia testes rigorosos de segurança são exigidos para qualquer vacina, desde seu planejamento até seu licenciamento, independentemente do laboratório produtor”, ressaltam os autores. Eles lembram que, como qualquer produto farmacêutico-biológico, a vacina pode desencadear alguns eventos indesejáveis – “alguns deles já são esperados e, em sua maioria, são leves, de evolução rápida e regridem sem necessidade de tratamento”, esclarecem. Os autores explicam, ainda, que a vigilância desses eventos adversos mantém a confiabilidade das vacinas, garantindo que sejam utilizados no PNI produtos cada vez mais seguros. Também com vistas ao avanço do PNI, o livro apresenta alguns sistemas de informação que os profissionais da rede de frio devem conhecer para uma adequada tomada de decisões na aquisição e movimentação de imunobiológicos/insumos, assegurando êxito nas atividades de vacinação.

Organizado pelas professoras Marileide do Nascimento Silva, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), e Regina Fernandes Flauzino, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o segundo volume de Rede de Frio inclui, ainda, temas como os processos de trabalho em saúde, especialmente em organizações públicas, trabalho em equipe, educação em saúde, saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos, além de questões de biossegurança. “Nossa intenção é, principalmente, destacar a amplitude e complexidade do trabalho na rede de frio, para que você, trabalhador da imunização, rede de frio ou vigilância em saúde, em geral, identifique sua posição nesse contexto e possa refletir criticamente sobre qual a sua efetiva contribuição para o sucesso das ações de imunizações, ações estas fundamentais para a garantia do direito de todos os indivíduos receberem vacina com qualidade e capacidade de conferir proteção”, resumem as organizadoras. Os dois volumes da obra foram publicados pela Editora Fiocruz e pela EAD/Ensp/Fiocruz, sendo destinados a todos os profissionais que têm interesse na temática. 

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