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29/04/2020

MonitoraCovid-19: óbitos aceleram em estados como MA, RS e SE

Icict/Fiocruz


Um novo indicador para monitorar o andamento da epidemia de Covid-19 – que vem sendo utilizado pela equipe de pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/ Fiocruz) – revelou que, na última semana, o Brasil apresentou uma pequena redução no ritmo de crescimento do total de óbitos causados pelo novo coronavírus. Porém a situação em alguns estados é bem diferente: o aumento de óbitos vem ocorrendo de forma mais acelerada, especialmente no Rio Grande do Sul, Sergipe, Maranhão, Amazonas, Alagoas, Pará, Paraíba, Pernambuco, Espírito Santo, Piauí e Rondônia.

O indicador utilizado é o tempo que o país e os estados brasileiros levam, em dias, para duplicar o total de óbitos. Ou seja, quanto maior o tempo para duplicar o total de óbitos, mais lento é o crescimento da epidemia. Para chegar a essa e outras conclusões, os pesquisadores do Icict/Fiocruz estão usando a ferramenta online MonitoraCovid-19, desenvolvida no próprio instituto, e que está aberta ao público. Leia a nota técnica completa.

Desde que o Brasil registrou o primeiro óbito por Covid-19, em 20 de março, o total de mortos pelo novo coronavírus vinha dobrando a cada cinco dias. Porém, na última vez que duplicou o total de casos o país apresentou um prazo maior: sete dias. Esse número é similar ao da França, que, no entanto, tem mais tempo de epidemia (seu primeiro caso foi registrado duas semanas antes do Brasil). Na média desde o primeiro caso, o Brasil, com duplicação a cada cinco dias, tem um ritmo de crescimento similar aos Estados Unidos e está com aceleração mais acentuada que França, Espanha, Reino Unido, Irã e Itália. 

Nos estados

Utilizando esse mesmo indicador para analisar a situação dos estados brasileiros, a equipe do Icict/Fiocruz constatou que o estado que apresenta o maior ritmo de crescimento do total de óbitos é o Maranhão, onde a duplicação de casos vem ocorrendo em média a cada cinco dias. Em seguida, vem Amazonas, Alagoas, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rondônia, onde a duplicação de óbitos é registrada em média a cada seis dias. 

Em 27 de abril, entretanto, percebe-se que dois estados aumentaram bruscamente o ritmo de aceleração no total de óbitos: Rio Grande do Sul e Sergipe. O tempo para duplicação de vítimas fatais da doença caiu à metade, em relação à média, no último registro nesses dois estados. O Rio Grande do Sul apresentava duplicação a cada 16 dias, em média, mas, na última verificação, o indicador caiu para oito dias. No caso de Sergipe, o estado passou da média de 12 dias para apenas seis dias na última duplicação.

Entre os estados com menor média de duplicação, registrou-se maior aceleração no total de óbitos no último registro em Alagoas (da média de seis para quatro dias na última duplicação), Rondônia (de seis para quatro dias) e Pará (de seis para cinco dias). Outros estados que chamam a atenção pelo maior crescimento do total de óbitos verificado no último registro são Espírito Santo (de oito para cinco dias), Piauí (de sete para cinco dias) e Rondônia (de seis para quatro dias).

Por outro lado, alguns estados vêm aumentando o tempo para duplicar os casos. Os que mais se destacam são o Paraná (de uma média de 10 dias para 15 dias na última duplicação), o Amazonas (de seis para 10), o Amapá (de sete para 10 dias), Paraíba (de seis para oito dias) e Rio de Janeiro (de sete para nove dias).

Em São Paulo, o estado com maior população do Brasil e com maior número de mortes, houve uma pequena melhora no ritmo de crescimento, de uma média de oito para nove dias na última duplicação. Em Minas Gerais, estado com a segunda maior população do Brasil (quase 21 milhões de pessoas), o ritmo de crescimento do total de óbitos aumentou um pouco, da média de 13 dias para 12 dias na última duplicação.

A comparação entre estados deve levar em conta que cada governo estadual tem suas próprias medidas de contenção da epidemia – ou seja, políticas diferentes que podem gerar resultados distintos. De acordo com a última nota técnica do MonitoraCovid-19, “a aceleração ou desaceleração do crescimento pode ocorrer em função de diversos fatores, tais como: o estabelecimento de medidas mais ou menos restritivas para as atividades econômicas; redução da oferta ou mesmo proibição de linhas de transporte inter e intramunicipais; e a capacidade de diagnóstico clínico e laboratorial, entre outros”.

Interiorização

Existe uma tendência à interiorização da epidemia, que está chegando de forma acelerada aos municípios de menor porte do país. A pandemia iniciou sua propagação inicialmente em grandes metrópoles, ligadas por linhas aéreas. Nas últimas semanas, a quase totalidade das grandes cidades (mais de 100 mil habitantes) apresentou casos da doença. Cerca de 44% das cidades médias (20 mil e 50 mil) já possuem casos e a tendência é a emergência de ciclos de transmissão em cidades pequenas.

O avanço do Covid-19 em direção às cidades menores revela uma situação preocupante em razão da sua menor disponibilidade e capacidade dos serviços de saúde. Isso implica na busca pelo atendimento direcionada aos centros urbanos de referência para o tratamento da doença, o que tende a ampliar a pressão sobre os serviços de saúde nas grandes cidades. Esse já é um quadro preocupante em cidades polo, como Manaus, que atende não só os moradores do município, mas também de pessoas vindas de um conjunto de pequenas cidades e vilas situadas ao longo de rios.

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