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02/05/2024

Workshop debate arbovírus emergentes e reemergentes

Fiocruz Amazônia


A Fiocruz Amazônia promove até sexta-feira (4/5) o 1º Workshop Internacional de Vigilância Molecular de Arbovírus Emergentes e Reemergentes, com foco nos vírus oropouche e mayaro, tendo como presenças confirmadas profissionais de saúde e pesquisadores de Bolívia, Equador, Guiana, Martinica, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O evento é promovido em parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma oportunidade de capacitação para os profissionais que atuam em laboratórios de vigilância desses países, em razão do alerta para o aumento do número de casos das duas doenças, principalmente a febre oropouche, que já tem milhares de registros de casos em alguns estados brasileiros em 2024, predominantemente em quatro da Região Norte (Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia), além de casos confirmados na Bahia, Piauí e Santa Catarina.

O curso é ministrado pelo virologista Felipe Naveca e a equipe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Naveca também é chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Como professores externos, estão os pesquisadores Gonzalo Bello, também do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC e Ana Bento, pesquisadora e professora do Departamento de Saúde Pública e de Ecossistemas da Cornell University College of Veterinary Medicine (EUA). Ambos são colaboradores nos estudos com o Oropouche e outros vírus emergentes e participarão o virtualmente.

Os participantes foram recebidos pela diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, que ressaltou a importância da presença de representantes de países vizinhos numa capacitação em vigilância de arboviroses, desenvolvida em parceria com a Opas/OMS, demonstrando a preocupação com a situação epidemiológica dos vírus oropouche e mayaro no Brasil, e o quanto é relevante essa investigação constante para o monitoramento/controle de surtos e epidemias.

O consultor laboratorial da Opas Lionel Gresh considera a realização do workshop uma oportunidade de fortalecer a observação, em particular, a capacidade dos países que participam da iniciativa. “O intuito é de termos um melhor processamento de informações, na circulação desses vírus e poder estudá-los melhor para que possamos entender por que eles estão se expandindo e como eles estão sendo transmitidos em nossas comunidades”, afirmou. Gresh destacou ainda que o treinamento na detecção e caracterização molecular de emergência de arbovírus, com foco particular no oropouche e mayaro, se justifica também na detecção de casos em outros países da região, como Colômbia, Bolívia e Peru, por exemplo.

O workshop terá parte teórica e prática. Haverá participação de representantes da Opas/OMS e da equipe do Núcleo de Vigilância da Fiocruz Amazônia, tendo como conteúdo programático o Diagnóstico do Vírus Oropouche, a Vigilância Genômica, a Análise de Dados Epidemiológicos e Dados de Sequenciamento Genético. 

Vetores

Felipe Naveca explica que as duas síndromes são arboviroses: oropouche transmitida pelo inseto vetor Culicoides paraensis, também chamado de maruim, e a febre mayaro transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Ambas têm sintomatologia semelhante à da dengue e preocupam as autoridades sanitárias em todo o mundo, pelo risco de se tornarem epidêmicas. “O workshop visa exatamente a capacitação de pesquisadores de outros países, sobretudo da América do Sul, no diagnóstico e nos estudos de vigilância genômica dos vírus oropouche e mayaro, obviamente com o enfoque maior para o Oropouche, que chamou a atenção da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS)”, salienta Naveca.

A escolha de Manaus para sediar o evento, segundo o virologista, se deve à experiência do Núcleo de Vigilância da Fiocruz Amazônia, responsável por desenvolver o protocolo do diagnóstico para oropouche e mayaro, utilizado atualmente em todo o país, assim como à vigilância genômica desses patógenos realizada pela Fiocruz. “Fomos demandados para que realizássemos esse treinamento em nível internacional, razão pela qual recebemos representantes de diferentes países para essa ação, durante a semana inteira”, afirma.

Em 2024, o Ministério da Saúde já confirmou 3,8 mil registros da doença, 98% deles na Região Norte. Até agora, não há registros de óbitos confirmados por conta da doença. De acordo com os especialistas, o inseto transmissor pode ser encontrado fora da região amazônica, em vários estados. A preocupação é com o avanço da doença para outras regiões, especialmente no meio urbano. “Identificar oropouche, baseado somente nos sintomas, é praticamente impossível. Para isso, existe o teste desenvolvido pela equipe da Fiocruz Amazônia que está sendo descentralizado em todo o país”, observa Naveca, acrescentando que já existem dados na literatura afirmando que os mosquitos Culex, os conhecidos pernilongos, também podem ser vetores secundários de oropouche.

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