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28/04/2015

Livro "Dengue: teorias e práticas" reúne textos de diversos especialistas sobre o tema

Fernanda Turino / Ascom IOC


Ciências sociais, medicina, comunicação, entomologia, epidemiologia e veterinária são algumas das áreas de conhecimento dos 36 autores do livro Dengue: teorias e práticas, que foi lançado pela Editora Fiocruz, nesta terça-feira (28/4), em sessão extraordinária do Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

A obra que, assim como a doença, é transversal a várias disciplinas, recorre a diferentes olhares para abordar a temática de maneira abrangente e diversificada, daí o título em referência a teorias e práticas. Para isso, o livro sistematiza o conhecimento disperso na literatura e traça um panorama histórico da dengue, aborda seus aspectos científicos, clínicos, sociais e comunicacionais e discute as perspectivas para o futuro do controle da doença no Brasil. O resultado é um livro que reúne diversas vozes que falam sobre a dengue para um amplo espectro de leitores.

Um dos principais desafios para os organizadores do livro foi definir qual era o seu público-alvo. “Originalmente pensamos em escrever para profissionais de saúde, mas rapidamente percebemos que a dengue não é um problema exclusivo dessa área e enxergamos a importância de abordar o tema de uma maneira mais ampla”, ressalta Denise Valle, pesquisadora do Laboratório Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), autora e uma das organizadoras do livro. Desta forma, como o próprio livro define, é um trabalho para quem se interessa em compreender a dengue, mas, principalmente, é uma obra para quem quer entender a doença em toda a sua abrangência, extrapolando as questões científicas e médicas e abordando campos menos estudados, como o das ciências sociais, educação e comunicação.

Com isso, o livro procura contribuir para uma compreensão do problema da dengue, que afeta grande parte da população brasileira. “Sempre digo que uma das coisas que dá sentido ao nosso trabalho é a esperança de que estamos realmente contribuindo para mais e melhores dias para nossas populações. E não tenho dúvidas de que este livro – que busca uma ampliada compreensão da complexidade ‘dengue’ – é uma poderosa ferramenta nessa direção”, exalta João Carlos Canossa, editor executivo da Editora Fiocruz. “Em busca desse entendimento, chegou-se a um livro escrito majoritariamente por e para brasileiros. Nele, os pesquisadores do país, referência no tema, falam para seus conterrâneos sobre o problema da dengue com propriedade e de maneira ampla e abrangente”, aponta Denise Valle.

Os olhares

Os organizadores da publicação chamam a atenção de que, apesar da dengue estar intrinsecamente ligada às questões de saúde, a doença não se restringe aos aspectos médicos ou científicos. “Há uma necessidade urgente de redirecionar o foco para a saúde das populações e não apenas para a remoção ou eliminação de doenças. É necessário olhar, se inspirar e dialogar com outros campos do conhecimento”, opina Denise Pimenta, do Laboratório de Educação em Saúde e Ambiente da Fiocruz-Minas, autora e uma das organizadoras do livro.

As questões clínicas da dengue também têm espaço. O médico Rivaldo Venâncio, autor e um dos organizadores do livro, reforça a pluralidade da obra. “O livro traduz o conhecimento acumulado por um conjunto de profissionais com larga experiência em pesquisa, diagnóstico laboratorial, atenção ao doente e gestão de serviços e programas diretamente relacionados com a dengue”, destaca o pesquisador do escritório da Fiocruz em Mato Grosso do Sul. Aspectos virais da dengue são abordados no capítulo assinado pelo renomado virologista Hermann Schatzmayr – esta é última publicação póstuma do pesquisador do IOC/Fiocruz, falecido em 2010.

Alinhando os discursos

A tarefa de reunir tantas vozes distintas de maneira harmônica foi uma das maiores dificuldades encontrada pelos organizadores. “Foi um enorme desafio, que começou pelos próprios organizadores: uma bióloga, uma antropóloga e um médico”, lembra Denise Pimenta. As diferenças na linguagem também surgiram como um obstáculo a ser superado.

“Os especialistas estão acostumados a escrever para os seus pares e o objetivo era justamente superar esta barreira”, acrescenta Denise Valle. Achar um ‘meio do caminho’, de modo a tornar a obra acessível a todos os possíveis leitores, foi fundamental. “Não podíamos nem ser tão especialistas, atingindo apenas o público de uma área determinada, e nem ser tão generalistas, tirando o interesse do especialista”, completa Valle.

Assim como entre os autores do livro, a interdisciplinaridade também esteve presente nos organizadores. “Cada um dos três é de uma área distinta”, sinaliza Denise destacando a presença de um médico abordando os aspectos clínicos da doença, uma bióloga trazendo questões sobre o mosquito vetor e uma antropóloga ressaltando a vertente humana e social do tema.

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