04/12/2018
O plano de requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, localizado no campus da Fiocruz na zona norte do Rio, receberá apoio financeiro de R$ 10 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O montante será destinado à primeira etapa do projeto, que prevê uma série de intervenções nos edifícios centenários da Fiocruz, preparando-os para abrigar exposições e outras iniciativas de divulgação científica e valorização do patrimônio histórico, com vistas a conformar um campus-parque aberto à visitação da população.
Recursos do BNDES vão beneficiar nova fase de projeto na Cavalariça (foto: Fábio Iglesias)
“O apoio do BNDES ao Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos vai favorecer o avanço desse conceito de campus-parque, que visa pensar o campus de Manguinhos para que seja um monumento, no sentido da sua preservação, e principalmente um espaço vivo, acolhedor e dinâmico para trabalhadores e visitantes”, afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
Com os recursos, serão feitas intervenções na Cavalariça e no Pombal nesta primeira etapa do plano. As estruturas, erguidas no início do século 20 para receber as atividades do Instituto Soroterápico Federal, instituição que deu origem à Fiocruz, passarão a integrar o circuito de visitação do Museu da Vida.
Diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Paulo Elian, ressaltou a importância do apoio do BNDES ao plano e lembrou o histórico da atuação do banco em projetos ligados à preservação do patrimônio. “No médio prazo, [o plano de requalificação] vai reconfigurar toda a área de visitação pública no campus da Fiocruz. Portanto, será uma iniciativa muito importante para a instituição nos próximos anos”, frisou.
Restaurada em 2015, a Cavalariça agora será equipada com um sistema de detecção e prevenção de incêndio e de climatização. Após as intervenções, o edifício projetado originalmente para abrigar os cavalos utilizados no processo de produção de soro, receberá uma exposição de longa duração. Com elementos cenográficos e atrações interativas, a mostra abordará a temática da saúde de forma ampliada, partindo do nível microscópico e passando pelas relações do homem com o meio ambiente e com a sociedade da qual faz parte.
Construído em 1904 para abrigar cobaias de pequeno porte, o Pombal também será contemplado nesta primeira etapa. Na estrutura, será criado um amplo espaço de convívio e lazer, com oferta de atividades educativas e culturais aos visitantes, que abordarão temas que vão da experimentação animal à história ambiental do campus. O local, situado em meio a uma área verde, será equipado com mesas e bancos ao ar livre para uso dos visitantes e passará a ser um ponto de apoio para a exploração das trilhas existentes no campus.
O vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da COC/Fiocruz, Marcos José de Araújo Pinheiro, explicou que o valor aprovado envolve as edificações que fazem parte da primeira de quatro fases do plano de requalificação. Contempla atividades que vão desde a restauração e a adaptação dos espaços, até a implantação de exposições voltadas à divulgação da ciência e da saúde, passando por ações de educação patrimonial por meio da Oficina Escola de Manguinhos. Isso vai permitir qualificar novos profissionais nos ofícios de restauração e conservação.
“Esse plano foi desenvolvido com base na valorização do conjunto arquitetônico histórico, com intervenções que preservem sua identidade e singularidade, a fim de gerar maior oferta de atividades socioculturais para a sociedade, e em especial às populações do território onde se situa o campus de Manguinhos”, afirmou Marcos José.
As próximas etapas do plano de requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos preveem que outros edifícios também sejam preparados para abrigar atividades culturais, entre os quais o Pavilhão do Relógio e o Pavilhão Mourisco, popularmente conhecido como Castelo da Fiocruz, símbolo maior da instituição.
A iniciativa foi apresentada inicialmente ao BNDES em 2014, por meio do Escritório de Captação de Recursos da Fundação, vinculado à vice-presidência de Gestão e Desenvolvimento Institucional (VPGDI), que cuida das negociações junto ao banco desde então. A gestão dos recursos liberados será feita pela Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC), proponente da iniciativa junto ao Ministério da Cultura (MinC), por meio da Lei Rouanet. A SPCOC é uma associação sem fins lucrativos, que, desde 1987, promove cultura, ciência e saúde, já tendo apoiado dezenas de iniciativas socioculturais da Fiocruz.