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03/07/2019

Reciis lança edição sobre os 40 anos do Movimento LGBT no Brasil

Roberto Abib (Reciis)


As comemorações podem ser um meio de consolidar ou defender uma diferença por lembrar ações e grupos comprometidos com a defesa dos direitos políticos, sociais e civis. Esta questão atravessa o dossiê 40 anos do Movimento LGBT no Brasil: comunicação, saúde e direitos humanos que compõe a edição v.13, n.2 da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis). O periódico é editado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz). 

Os artigos originais do dossiê partem de uma compreensão comum em relação às tecnologias de comunicação e informação: os dispositivos midiáticos são lugares nos quais é possível discutir liberdade de expressão e possibilidades de visibilidade/invisibilidade. Estas duas palavras paradoxais se encontram no trabalho Dilemas da visualidade jornalística das violências contra pessoas LGBTQ+ e contra mulheres heterossexuais no Brasil numa reflexão sobre a invisibilidade dos corpos de mulheres heterossexuais na mídia como uma construção da violência simbólica que as tornam seres invisíveis no cotidiano, e a visibilidade do corpo LGBTQ+ como a expressão do que se deve ser punido e excluído das relações sociais. 

Numa perspectiva articulada com o campo da saúde, o artigo Do AZT à PrEP e à PEP: Aids, HIV, movimento LGBTI e jornalismo aborda as mudanças nas relações entre a homossexualidade masculina e a epidemia de HIV/Aids e permanências de preconceitos históricos sobre o tratamento (a partir do AZT) e prevenção (PrEP/PEP).

Política e crimes de ódio: uma rede de cumplicidade 

Os artigos também partem da discussão do tema do dossiê a partir das manifestações públicas de autoridades políticas como nos manuscritos Necropolítica tropical em tempos pró-Bolsonaro: desafios contemporâneos de combate aos crimes de ódio LGBTfóbicos e ‘ós versus eles: ódio biopolítico contra a população LGBT no Twitter de Marco Feliciano. Esses trabalhos propõem que algumas figuras públicas compõem e são ressonâncias de uma rede cúmplice de encorajamento ao crime de ódio contra a população LGBT. 

O dossiê traz o tema da travestilidade na interface com a comunicação no trabalho Travestis e organizações: o papel da comunicação na construção de espaços organizacionais e das reclassificações das identidades trans no contexto da divulgação da décima primeira edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11) no artigo Notícias sobre a nova classificação das identidades trans: uma análise das fontes citadas em reportagens publicadas no Brasil. A seção se encerra com a entrevista concedida pela doutora Luma Nogueira de Andrade Assujeitamento e disrupção de um corpo que permanece e resiste: possibilidade de existência de uma travesti no ambiente escolar. O testemunho de uma das primeiras doutoras travestis no país se configura como um ponto disruptivo que reconfigura o lugar travesti/prostituição e o corpo travesti/tecnologia. 

A edição v.13, n.2 da Reciis traz também artigos submetidos em fluxo contínuo que tratam de temas diversos como mídia e bioética; o consumo de bebidas açucaradas por adolescentes; websites e doação de gametas; e divulgação científica. A publicação termina com uma resenha do documentário Mulheres das águas, na qual o autor se apropria da narrativa audiovisual de um grupo de pescadoras nos manguezais do nordeste brasileiro para refletir sobre os conceitos contemporâneos de comunidade, gênero e raça. 

Dossiê Saúde, etnicidades e diversidade cultural 

Até o dia 12 de agosto, a Reciis está com chamada pública de submissão de trabalhos inéditos para o dossiê Saúde, etnicidades e diversidade cultural: comunicação, territórios e resistências. A publicação está prevista para dezembro. 

O dossiê pretende contar com contribuições multidisciplinares que discutam a determinação social da saúde dos diferentes grupos étnicos e as relações existentes entre a diversidade sociocultural, possiblidades comunicativas, luta por territórios e estratégias de resistências de grupos étnicos. Saiba mais sobre a chamada pública aqui

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