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27/08/2015

Seminário debate projetos educacionais inovadores

Erika Farias e Leonardo Azevedo


A manhã do segundo dia (26/8) do Seminário Educação, Saúde e Sociedade do Futuro teve como tema Projetos educacionais inovadores. Coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Ceará Anya Pimentel Vieira, a mesa redonda (confira vídeo das conferências do segundo dia) abordou iniciativas que aliam a era digital ao ensino tradicional, e demonstrou a importância de atualizar as metodologias de ensino e troca de conhecimento. O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde (MS), Heider Aurélio Pinto, falou de experiência bem sucedidas desenvolvidas pelo Ministério, como o InovaSUS e a Telessaúde Brasil Redes.

A mesa redonda abordou iniciativas que aliam a era digital ao ensino tradicional, e demonstrou a importância de atualizar as metodologias de ensino e a troca de conhecimento (foto: Peter Ilicciev)

 

Para o secretário, o Programa Mais Médicos é um exemplo importante de inovação, “com uma expansão robusta da atenção básica no Brasil, com profissionais que querem estar ali, com uma perspectiva que coincide com o lugar em que ele está atuando”.  Outro exemplo dado por Heider foi a Comunidade de Práticas, rede social do MS que tem uma média mensal de mais 60 mil acessos. “A Comunidade possibilita a agilidade e a interação entre os usuários. Um profissional no Amazonas, por exemplo, posta uma dificuldade ou um erro de sistema e rapidamente outro trabalhador comenta como conseguiu solucionar determinada situação”, afirmou Heider.

Heider também ressaltou a importância de medidas que estão sendo desenvolvidas pelo MS com a Fiocruz e outras instituições, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), investindo nos mestrados profissionais, com o objetivo de preparar os novos profissionais na perspectiva de serem educadores, que parte do seu trabalho esteja no desenvolvimento de práticas educacionais com os colegas e educandos.

Atualização de metodologias

Segundo a se apresentar, o professor de Novas Tecnologias na USP e pesquisador de Projetos Educacionais Inovadores com metodologias ativas nas modalidades presencial e à distância, José Moran convidou a plateia a uma reflexão sobre a necessidade de se desconstruir o antigo formato de ensino e focar na constante evolução da vida, se adaptando ao atual cenário de mudanças. “Em nossa vida, o tempo todo estamos misturando o mundo físico e o digital, mas na educação ainda não fazemos isso”, disse o professor.

Para Moran, mudanças nas instituições educacionais se fazem fundamentais, visto que os jovens já não se interessam por um modelo verticalizado de ensino. Além da integração entre áreas e professores, o pesquisador sugere a inversão do básico, ou seja, o ensino de conteúdo avançado, levando o aluno a pesquisar por conta própria assuntos de base. Concluindo, José Moran citou algumas iniciativas inovadoras na área da educação, como o Horitzó 2020, na Espanha, um redesenho do modelo de escola convencional feito por jesuítas; e a Faculdade Uniamérica, em Foz do Iguaçu, no Paraná, com projetos de aula invertida. “Só ousando vamos mudar. Se você repetir aquilo que você sempre fez, mesmo que esteja fazendo o seu melhor, não estará fazendo da melhor forma”, concluiu.

Tecnologia e Educação 3.0

Como a integração da tecnologia com a educação pode proporcionar uma maior capacidade de aprendizagem aos alunos. Esta foi a abordagem realizada pelo coordenador do Núcleo de Telemedicina e Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen. Ele destacou a utilização de novos recursos educacionais, como de computação gráfica, com imagens tridimensionais, holográficos, impressão 3D, muitos utilizados no projeto Homem Virtual, que permite o detalhamento científico de estruturas e componentes do corpo humano.

Para Chao, o uso da tecnologia nas áreas da educação e da saúde é irreversível. "Enxergue o profissional que você quer formar e encontre o ponto mais possível de cada método, que faça um sistema híbrido, e depois use a tecnologia para agilizar o processo”, disse.

Segundo ele, é preciso dar para o aluno a possibilidade de enxergar diferentes níveis de conhecimento. Chao abordou ainda a interação entre as pessoas de maneira instantânea, com a integração e utilização de várias plataformas, com a possibilidade de uma nuvem do conhecimento e a criação do conceito de sala de aula do futuro.

Avançando fronteiras

Último palestrante da manhã, o professor da Coppe/UFRJ Luiz Beviláqua discursou a respeito do futuro das universidades: aprendizagem, convergência interdisciplinar e qualidade. Em sua apresentação, Beviláqua reforçou a ideia do fim da organização de ensino tradicional, incentivando a implantação de um novo formato de universidade. “Estamos vivendo uma época de choque cultural. É uma onda de choque. E nós não podemos usar as mesmas ideias e técnicas que usaríamos em caso de mar manso”, afirmou.

Para ilustrar a importância da interdisciplinaridade, da universalidade do conhecimento e do fim da estrutura departamental, o professor citou como exemplo um de seus projetos, a Universidade Federal do ABC (UFABC), criada em 2005. Alguns dos princípios inovadores da Universidade, que já se destaca no Brasil e no mundo, é que ela deve ser prioritariamente um lugar para aprender – e não apenas um espaço onde se ensina –, em que todos estão envolvidos em uma comunidade de aprendizado. “Os alunos não estão ali, principalmente, para aprender sua profissão. E sim, para aprenderem a ser pessoas que admiram o conhecimento”, disse.

Confira aqui como foi a mesa-redonda da tarde de quarta-feira (26/8).

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