Início do conteúdo

05/11/2024

Especiais que contam a história

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


A primeira versão da AFN surgiu, em 2004, dando destaque, na parte central da home, a três notícias: uma principal e outras duas logo abaixo, todas sempre com foto (ou ilustração). Acima, o cabeçalho trazia à esquerda o título Agência Fiocruz de Notícias, secundado pelo slogan Saúde e ciência para todos, e à direita mostrava uma parte do Castelo Mourisco. Abaixo das principais notícias aparecia a seção Curtas, constituída por textos pequenos. A seguir vinham Outros Destaques, que continha textos que haviam sido publicados nos dias imediatamente anteriores, e chamadas para duas outras seções, com conteúdo mais permanente. À esquerda, uma listagem das seguintes seções: Notícias, Entrevistas, Artigos, Especiais, Fio da História, Arquivo, Glossário de Doenças, Estética do Invisível, Matérias em inglês e Equipe/Contatos. E, à direita, o site destacava uma entrevista, a agenda de eventos da Fiocruz e a então mais recente edição da extinta Revista de Manguinhos. E, destas seções, a de Especiais tem sido um carro chefe da Agência.

Home da primeira versão do site da AFN, em 16 de maio de 2005 (imagem: Arquivo CCS)

 

Grande parte da trajetória da AFN pode ser contada por esta seção, que tem tido um grande destaque desde o início e é uma das mais acessadas. Cada Especial reúne uma ampla e diversificada gama de reportagens, entrevistas e artigos – e muitas vezes até mesmo conteúdos de seções como Fio da História e Estante – que procuram dissecar um determinado tema. Em média são publicados dois Especiais a cada ano e para esta produção a AFN conta com a colaboração decisiva dos jornalistas das unidades da Fiocruz. Ainda em 2024 vai ao ar mais um Especial, dedicado ao tema das mudanças climáticas.

Entre os primeiros Especiais da AFN estavam hotsites sobre Aids, células-tronco, transgênicos, doença de Chagas, paleoparasitologia e dengue, além das coberturas do 4° Congresso Mundial de Centros de Ciência, da 12ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, e da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Fiocruz em 2004, entre outros temas. Ao longo dos anos, muitos outros Especiais foram produzidos, como os dedicados às doenças negligenciadas, ao aleitamento materno e à monkeypox.

A pandemia de Covid-19, a maior crise sanitária em um século, proporcionou três Especiais para a AFN, tornando-se a maior e mais expressiva cobertura da Agência nestas duas décadas. O primeiro deles, lançado em 2020 e que posteriormente foi agregando conteúdos ao longo de 2021, juntou dezenas de textos nas seguintes subseções: Ações de monitoramento e vigilância, Vacinas, kits, controle de qualidade e diagnóstico, Pesquisa e ensino, Parcerias, ações colaborativas, institucionais e eventos, Populações vulneráveis e povos indígenas, Tecnologia, comunicação, materiais e revistas, Centro hospitalar e ensaios clínicos, Cooperação internacional, Atenção Básica e SUS e Saúde mental. Foi um grande esforço de jornalismo capitaneado pela CCS e contou com maciço apoio das assessorias das unidades. Este Especial é um registro detalhado de todas as ações, pesquisas e iniciativas da Fiocruz na pandemia, período em que a Fundação se engajou plenamente no enfrentamento da crise sanitária e combateu com ênfase o negacionismo.

 

Outros dois Especiais sobre a Covid-19 foram destaque na AFN. Um que teve como foco a questão das vacinas, que mostra como a Fiocruz fez parte de diversas frentes nacionais e internacionais de busca e produção de vacina contra o coronavírus e o passo a passo de todo aquele processo, que mobilizou centenas de pesquisadores, técnicos e gestores. Com um conteúdo igualmente robusto, o Especial tem reportagens, entrevistas, podcasts, vídeos e notas oficiais desta que é a maior aventura da ciência e da saúde da nossa época e que culminou com expressivos avanços tecnológicos, em que pese o número gigantesco de mortes, em grande parte provocadas pelo negacionismo.

O terceiro Especial sobre a Covid-19, em 2021,  teve como tema a vigilância genômica. O conteúdo apresentou a atuação da Rede Genômica Fiocruz, empenhada em gerar dados robustos sobre o comportamento do Sars-CoV-2 por meio da decodificação do genoma viral. Entre os destaques, o sequenciamento genético das amostras, que permite entender a história de um vírus, e o texto que aponta as diferenças entre mutações, linhagens, cepas e variantes, palavras desconhecidas da maioria dos brasileiros e que passaram a frequentar o noticiário.

Os desastres provocados pelo rompimento de barragens em Minas Gerais também levaram à elaboração de dois Especiais, feitos por jornalistas enviados aos locais. O primeiro, sobre o desastre da Samarco Mineração, em Mariana, em novembro de 2015, que matou 19 pessoas e destruiu o meio ambiente da região, com gravíssimas consequências até hoje, foi publicado no início de 2016. O outro foi lançado em 2019, tendo como tema o desastre provocado um mês antes pelo rompimento da barragem da Vale do Rio Doce em Ribeirão Ferro-Carvão, na cidade de Brumadinho.

Em 2019, o Especial Antártica apresentou um caminho inovador para as pesquisas da Fiocruz. Denominado Fioantar, a iniciativa levou cientistas da Fundação ao continente gelado, a mais meridional das porções de terra do planeta. O projeto integra o Programa Antártico Brasileiro, conduzido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, da Marinha. Com a parceria, a Fiocruz passou a contar com um laboratório permanente na Estação Antártica Comandante Ferraz, o Fiolab. Isso permitirá o apoio a pesquisas que identifiquem microrganismos presentes no continente que tenham potencial biotecnológico em saúde (novos medicamentos), ambiente (biorremediação) e na indústria (novas enzimas industriais), além de dar suporte à formação de futuros especialistas em estudos antárticos. Três jornalistas da AFN estiveram na Antártica, em duas missões diferentes, para produzir reportagens sobre a atuação da instituição no continente.

Outras crises sanitárias nacionais e internacionais também serviram de mote para a produção de Especiais da AFN. A pandemia de influenza A/H1N1, a primeira emergência de saúde pública do século 21, em 2009, e que matou mais de 2 mil pessoas no Brasil, resultou em um Especial da AFN.

Os Especiais geraram duas outras seções: as Retrospectivas e os Perfis de Manguinhos. As primeiras, como o nome já informa, reúnem as principais notícias veiculadas pela AFN a cada 365 dias e são publicadas na última semana de cada ano. A primeira delas foi ar no final de 2015.

Os Perfis de Manguinhos são biografias de célebres pesquisadores da Fundação. A seção publicou especiais sobre o malacologista Wladimir Lobato Paraense, o educador Victor Valla, o virologista Hermann Schatzmayr, o parasitologista Luiz Rey e o sanitarista Sergio Arouca. Está em produção e em breve será publicado na AFN um novo perfil, dedicado à socióloga Maria Cecília de Souza Minayo.

Outras seções

O antigo Glossário de Doenças entrou na AFN como um compêndio com textos sobre 33 enfermidades, da Aids às verminoses, da catapora à varíola, que detalham os agentes causadores, a transmissão, os sintomas, o diagnóstico e o tratamento de cada moléstia. Muito acessada por jornalistas e estudantes, a seção continua ativa na AFN, mas sem novas atualizações.

A seção de Artigos estreou com textos de pesquisadores que abordavam o HIV, a globalização e a saúde, o estresse no trabalho, o controle e a transmissão da doença de Chagas, as políticas de C&T e a saúde pública e a globalização como disseminadora de enfermidades. Em Artigos continuam a ser publicados conteúdos que tratam de temas do momento, como a volta da dengue, a crise climática, as consequências do pós-pandemia e outros.

O Fio da História, cujo nome remete à Fiocruz, recupera e celebra episódios marcantes, ou esquecidos, que fazem parte da memória da ciência e da saúde pública brasileiras. Entre os primeiros textos da seção estavam o que contava que cientistas da Fundação desenvolveram uma vacina contra o antraz, patenteada em 1919, além da famosa visita de Albert Einstein à Fundação em 1925, a Revolta da Vacina, a construção do Castelo de Manguinhos, as pesquisas de Oswaldo Cruz e Belisário Penna na Amazônia e o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato. Entre os mais recentes está uma que destaca uma tese, defendida há pouco, que atesta que a questão ambiental foi deixada de lado no processo de desenvolvimento agrícola do país.

As Entrevistas sempre tiveram destaque na AFN. Nelas foi possível ver conversas com pesquisadores, que respondiam a perguntas sobre carrapatos, tiravam dúvidas sobre a febre maculosa e abordavam a quebra de patentes de antirretrovirais. Uma das primeiras entrevistas publicadas teve como personagem o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que em 2004 esteve na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) para participar de um evento.

Logo depois do surgimento da AFN surgiu a seção Estante, com o objetivo de publicar resenhas sobre os lançamentos da Editora Fiocruz e também as obras de pesquisadores da Fundação lançadas por outras casas publicadoras. A Revista de Manguinhos, veículo da Presidência da Fiocruz que foi publicado entre 2002 e 2019, marca presença na AFN desde o começo. Na época, apenas a edição mais recente da revista ficava disponível no site na íntegra.

Das seções da primeira edição da AFN, duas não existem mais. Estética do Invisível apresentava imagens impressionantes, obtidas por meio de microscopia de alta resolução, de vírus, fungos, bactérias e protozoários, feitas em laboratórios da Fiocruz e que podiam ser baixadas gratuitamente. E Matérias em inglês reunia textos mais relevantes publicados na AFN que eram traduzidos, para atender à imprensa internacional.

Renovação

Em 2013, pouco antes de completar dez anos, e seguindo a renovação ocorrida no Portal Fiocruz em 2012, a AFN passou por uma reformulação e ganhou a aparência que tem atualmente, a sua segunda versão. Passou a ser mais dinâmica e interativa e a contar com recursos como assinatura de feed de notícias (RSS) e a disponibilizar reportagens em vídeo e podcasts. A arquitetura, aparência e acessibilidade da nova AFN foi pensada em parceria com a equipe de desenvolvimento e comunicação do Portal Fiocruz.

Os Especiais também mudaram e para o lançamento foram escolhidas duas temáticas: Doenças negligenciadas, incluindo textos sobre as enfermidades mais procuradas na busca do site (dengue, doença de Chagas, malária e tuberculose) e Drogas e saúde pública, com o trabalho feito pela Fundação na área. Surgiu a seção Destaques na Imprensa, com links para as principais notícias sobre trabalhos ou resultados de pesquisa desenvolvidos na Fiocruz e divulgados em diferentes meios de comunicação.

A nova versão do site incluiu botões, em todos os textos, para o compartilhamento de informações nas principais redes sociais. Todas as edições da antiga Revista de Manguinhos passaram a ficar disponíveis no site. O usuário pode optar por baixar a versão integral ou apenas os textos de seu interesse. Outra novidade foi a publicação na AFN de todos os volumes do Crisinforma, boletim do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), organizados em uma seção própria e disponíveis para download.

Mais acessibilidade, podcasts e fotos

Em 2020, com o objetivo de ampliar a divulgação de notícias sobre a Covid-19 para pessoas surdas, a CCS/Fiocruz lançou o AFN Acessibilidade. Desde então, toda semana um vídeo apresenta as principais notícias publicadas na AFN traduzidas para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), com áudio e legendas em português. Os vídeos são publicados no canal da Fiocruz no YouTube.

Desde 2020, a AFN vem publicando os podcasts produzidos pelo Canal Saúde. CoronaFatos, Histórias da Saúde, Observatório Canal Saúde, DoCS e Giro Saúde são semanalmente veiculados na Agência, ampliando a oferta de produtos do site.

Um ano antes, em 2019, a AFN passou a oferecer galerias de fotos de grandes eventos, como o Fiocruz pra Você, a festa da vacinação, que ocorre anualmente e que a CCS/Fiocruz cobre desde a primeira edição. Junto com os textos são postadas 30, 40 ou 50 fotos sobre determinado evento, que podem ser baixadas por qualquer pessoa que acessar a Agência.

Voltar ao topo Voltar