01/03/2006
Recentemente, pondo mais uma vez a "mão na massa", Victor desenvolveu na Ensp um trabalho de vigilância civil, com uma proposta de ouvidoria coletiva, na região da Leopoldina. A equipe da Ensp localizou três centros de saúde como referência (Sinval, Vila do João e Penha) e criou comissões. Cada comissão era composta por um funcionário, dois agentes de saúde, um membro de grupo popular e uma liderança religiosa. Essas pessoas se reuniam com os pesquisadores da Escola uma vez por mês e, a cada três meses, todas as comissões estavam juntas. Foram discutidos o acesso à alimentação, a serviços de saúde, a condições de vida e a moradia, ao saneamento e a formas que foram desenvolvidas para superar os problemas enfrentados. Eles encontraram moradores que compram coletivamente o botijão de gás, porque sozinhos não têm dinheiro suficiente.
"O pobre quando fica doente dificilmente resolve seu problema. Aí compra goiabada. Encontramos famílias onde ratos disputam alimentos com as pessoas. A partir desse cenário, vamos buscar uma aproximação com as administrações públicas regionais e enviar relatórios para cada uma, com propostas", diz Victor.
Na Ensp, Victor está à frente de disciplinas como Globalização e saúde, voltada para discutir questões como a Alca, o FMI, o Banco Mundial e o que essas instituições têm a ver com saúde brasileira. "Antes discutíamos a pobreza, agora discutimos as causas, como os governos gastam os recursos". Outra disciplina é Religiosidade popular em saúde, que foi transformada em um curso de aperfeiçoamento, com duração de seis meses, e é oferecida a todos os interessados.
E ele pensa em uma nova disciplina, que tratará de educação popular e serviços de saúde. "Uma questão que levantamos é de como o índice de Aids é grande na Leopoldina. Descobrimos que muitos moradores não usam camisinha, embora saibam que devem usar. Como essa informação se insere no cabedal de conhecimento que o povo tem? O adolescente diz: 'o corpo é meu, uso como quero'. Vamos estudar o porquê desse comportamento".