Vacina para a Covid-19: o ano de 2021 foi marcado na Fiocruz, sobretudo, pela busca de disponibilizar o mais rápido possível o imunizante para a população brasileira. Foram mais de 150 milhões de doses da vacina Covid-19 Fiocruz entregues ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. No entanto, os feitos da Fundação não se resumiram apenas a essa empreitada. Neste especial, o leitor encontra uma retrospectiva das ações da Fiocruz, com as dez principais temáticas do ano em destaque na lateral e ainda mais 40 notícias, no texto abaixo, que foram divulgadas durante os meses de 2021. Ao todo, são 50 temas que trazem um panorama geral da continuidade do combate à pandemia na instituição após 2020, mas também um pouco da atuação da Fiocruz em diversas áreas da Saúde Pública.
Em JANEIRO, (1) pesquisadores do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) integraram (15/1) iniciativa que analisou 250 mil hospitalizações por Covid-19 no Brasil. O estudo fez uma análise retrospectiva com pacientes maiores de 20 anos com diagnóstico da doença confirmado por RT-PCR e registrados no Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe), sistema nacional de vigilância do Brasil. Ainda no âmbito da assistência, (2) uma pesquisa inédita da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) traçou (15/1) perfil de profissionais invisíveis da Saúde, como técnicos e auxiliares de enfermagem, de Raio X, de análise laboratorial, de farmácia, maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, pessoal de segurança, limpeza e conservação e agentes comunitários de saúde. O objetivo era analisar as condições de vida, o cotidiano do trabalho e a saúde mental dessa força de trabalho buscando as alterações a que tiveram que se submeter emergencialmente durante a pandemia. Conduzida pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), (3) outra pesquisa apontou (27/1) que o negacionismo da Covid-19 dificulta a percepção da pandemia por Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) que trabalham em comunidades carentes ou favelas no Brasil. Ainda no primeiro mês do ano, (4) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou (17/1) uso emergencial da vacina Covid-19 produzida na Fiocruz.
O Ministério da Saúde (MS) e a Fiocruz realizaram (5/2), logo no início de FEVEREIRO, (5) uma cerimônia de lançamento do edital para a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS). O documento abria licitação para contratação de investidores interessados em participar da construção do Complexo do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. No mesmo mês, (6) a vigilância genômica no Brasil ganhou (24/2) um reforço com um ensaio para a detecção de linhagens do Sars-CoV-2, por meio do protocolo RT-PCR, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia). A ferramenta anunciada permite a triagem das linhagens de maior importância em circulação no Brasil.
MARÇO foi marcado (7) pela designação do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) como Centro Colaborador da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) para fortalecer os Bancos de Leite Humano (29/3). Além disso, (8) a Fiocruz também iniciou (8/3) a operação de produção em larga escala da vacina Covid-19. Ainda nesse mesmo mês, (9) o projeto ArticulaFito - Cadeias de Valor em Plantas Medicinais, iniciativa conjunta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Fiocruz, identificou (19/3) 26 produtos oriundos de cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias nos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado, nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do país. Além disso, (10) um estudo de pesquisadores do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) avaliou (2/3) qualidade de máscaras utilizadas no Brasil no combate à pandemia de Covid-19.
Em ABRIL, (11) um grupo de dez pesquisadores de diversas instituições, incluindo cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Fiocruz Paraná, publicaram (13/4) um artigo na revista Memórias do IOC que defendia, diante de evidências de hipercoagulação na doença, que a Covid-19 é a primeira infecção classificada como febre viral trombótica. Atualmente, o agravo ainda é classificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No mesmo mês, (12) a Fiocruz assinou (16/4) um acordo com a Unitaid contra doença de Chagas. O convênio visa eliminar a transmissão congênita da doença em países da América Latina. Na esteira das cooperações internacionais, (13) a Fiocruz e o Reino Unido lançaram (19/4) o guia Impacto Social da Covid-19. O documento contém ações para incentivar gestores públicos a implantar políticas de enfrentamento à Covid-19 e assim mitigar os efeitos nocivos da pandemia sobre populações marginalizadas, como os povos indígenas e os moradores de favelas. Ainda em abril, (14) um estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil apontou (29/4) que as queimadas na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020) nos estados com maiores números de focos de calor: Pará, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre. Estas internações custaram quase 1 bilhão aos cofres públicos.
MAIO foi o mês em que (15) o vírus do Nilo Ocidental foi detectado (3/5) pela primeira vez em Minas Gerais, a partir de estudo liderado por pesquisadores do IOC/Fiocruz. Além disso, (16) o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), foi apontado (18/5) como uma das 10 iniciativas mais inovadoras para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil em 2021. Nesse mês, (17) pesquisadores da Fiocruz Pernambuco, integrantes da Rede Genômica, divulgaram (20/5) um estudo que investiga mecanismo da reinfecção por Covid-19. Foi observado que os anticorpos gerados na primeira onda da pandemia não conseguiriam neutralizar eficientemente as variantes de preocupação estudadas.
Um estudo confirmou (10/6), em JUNHO, (18) a eficácia do Método Wolbachia para dengue. A pesquisa revelou redução de 86% das hospitalizações nas áreas tratadas com Wolbachia e a comprovação de que a eficácia do método é equivalente para todos os quatro sorotipos de dengue. No mesmo mês, (19) a Fiocruz, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Escola Nacional de Farmacêuticos (ENF), com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), lançaram (10/6) projeto para formar uma rede com 300 lideranças em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição (20) também foi eleita (21/6) para conselho sobre doenças tropicais da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em JULHO, (21) a Área de Atenção Clínica ao Recém-Nascido do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), em parceria com as responsabilidades técnicas de fonoaudiologia e terapia ocupacional, lançou (5/7) duas cartilhas com foco no desenvolvimento e comportamento do lactente e infantil. A Editora Fiocruz alcançou (20/7) a marca de 350 e-books na SciELO Livros (22). E (23) professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), em conjunto com o cineasta e diretor Renato Prata Biar, lançaram (21/7) o documentário Saúde sem máscara. O filme é fruto da pesquisa Monitoramento da saúde, acesso à EPIs de técnicos de enfermagem, agentes de combate às endemias, enfermeiros, médicos e psicólogos, no município do Rio de Janeiro em tempos de Covid-19.
Logo no início de AGOSTO, (24) a campanha #VacinaMaré superou expectativas e imunizou (3/8) cerca de 37 mil moradores da localidade. A iniciativa é conduzida pela Fiocruz, pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e pela Redes da Maré, sendo hoje referência no combate à pandemia em territórios de favelas e preponderante para o avanço da pesquisa entre os moradores da Maré. No mesmo mês, (25) o efeito de estímulos imunes na manutenção da função neurocognitiva, que pode ser afetada pela infecção por malária, foi (26/8) o alvo de estudo conduzido pelo Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além disso, (26) uma pesquisa na Fiocruz Bahia analisou (27/8) a influência da faixa etária na efetividade de vacinas contra a Covid-19, servindo como base para orientação de decisões de saúde pública, incluindo a necessidade de doses adicionais ou de reforço.
A Fiocruz e a Universidade Federal Fluminense (UFF) (27) anunciaram (6/9), em SETEMBRO, o sequenciamento conjunto de genomas de vírus e bactérias. A técnica utilizada permite uma análise mais detalhada de informações genéticas contidas em moléculas de DNA ou RNA de microrganismos. No mesmo mês, (28) o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) foi selecionado (21/9) como hub da Organização Mundial da Saúde (OMS) para vacina de mRNA contra a Covid-19, atualmente em estágio pré-clínico. No mais, (29) um estudo conduzido no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) apontou (29/9) que cerca de 20% dos brasileiros já vacinados receberam a vacina contra a Covid-19 fora de seu município de residência. Para fechar o período, (30) o Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) divulgou um estudo que mostra que Bolsa Família reduziu 16% dos casos de mortalidade na infância.
Dados inéditos (31) sobre anemia e deficiência de vitaminas e minerais em crianças de até 5 anos estiveram (18/10), em OUTUBRO, entre os resultados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a UFF e a Fiocruz. A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) também (32) transferiu (19/10) o maior acervo de História da Saúde Pública e da Ciência do país para o novo Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS). Além disso, (33) os municípios brasileiros ganharam do Proadess/Fiocruz (19/10) um novo quadro de indicadores para avaliação do desempenho do sistema de saúde e alguns de seus determinantes sociais. Na Bahia (34), uma pesquisa apontou (22/10) ampla disseminação da hepatite C em amostras de todas as sete mesorregiões.
Em NOVEMBRO, (35) um estudo do Monitora Covid-19 revelou (12/11) como a pandemia afetou os atendimentos no SUS. A Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz) e a Fiocruz Minas (36) desenvolveram (22/11) o Portfólio Integrado de Inovação da Fundação, que visa dar visibilidade para as tecnologias desenvolvidas nas diferentes unidades da instituição e aumentar as chances de que elas cheguem à sociedade. Além disso, (37) uma pesquisa do IOC/Fiocruz determinou (24/11) que casos graves de Covid-19 estão associados a um processo de envelhecimento do sistema imunológico e imunodeficiência aguda. E (38) o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) concluiu (30/11) mais uma etapa da transferência de tecnologia do Entricitabina + tenofovir, antirretroviral composto usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP).
Em uma iniciativa pioneira, em DEZEMBRO, (39) a Fundação inaugurou (13/12) o Biobanco Covid-19 (BC19-Fiocruz). Localizado no Rio de Janeiro, no campus Expansão, o BC19-Fiocruz possibilitará a concepção e condução de pesquisas, desenvolvimento tecnológico e ensaios clínicos relacionados à Covid-19, independentemente da localização geográfica do material biológico humano e dos vírus. Como uma das últimas ações do ano na Fiocruz, (40) Bio-Manguinhos/Fiocruz e a Secretaria de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) assinaram (13/12) um protocolo de intenções para implementar o projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. O projeto visa alavancar o Programa Nacional de Imunizações (PNI), elevando as taxas de cobertura vacinal necessárias à imunidade coletiva das vacinas que o Programa disponibiliza.
Agência Fiocruz de Notícias (AFN)
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