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Retrospectiva 2019

A Agência Fiocruz de Notícias (AFN) reúne mais uma vez, em um especial, as reportagens mais importantes do ano que se encerrou e que abordam projetos e iniciativas da Fiocruz que tiveram grande destaque e repercussão nacional e internacional em 2019. São 50 matérias selecionadas entre as centenas de notícias das unidades da Fiocruz em todo o Brasil: na sequência, na lateral desta página, estão as Dez Mais de 2019; abaixo, estão outras 40 reportagens relevantes, publicadas de janeiro a dezembro na AFN. E relembre também as retrospectivas dos outros seis anos anteriores. Confira ainda os especiais do ano de 2019: Desastre da Vale, Vacinação e Antártica.

Em janeiro, um estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) avaliou o uso de “iscas açucaradas” contra as leishmanioses. A pesquisa mostrou que, quando administrados aos flebotomíneos, transmissores das leishmanioses, por meio de iscas açucaradas, alguns desses compostos diminuem a quantidade de parasitos presente nos insetos, assim como reduzem a longevidade dos vetores, abrindo caminho para o desenvolvimento de uma versão sustentável do método. No mesmo mês, o Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, na Taquara, na zona Oeste do Rio de Janeiro, firmou uma parceria com o Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA/Fiocruz), por meio da Faperj, para apresentar aos alunos práticas de educação ambiental e criar uma horta orgânica, buscando mudar hábitos alimentares. Também em janeiro, o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) passou a integrar o Comitê Executivo da Rede Interamericana de Laboratórios de Análises de Alimentos (Rilaa/Infal). Foi criado ainda o primeiro curso de pós-graduação lato sensu em Métodos Alternativos ao Uso de Animais de Laboratório, no Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz).

No mês de fevereiro, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) lançou um guia de preparação e resposta aos desastres, com informações e conceitos que ajudam a compreender o que é importante saber para reduzir os riscos desses eventos. A publicação inclui dados sobre os relatórios de segurança de barragens, os mapas de distribuição e a classificação de risco. E o comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação, com a colaboração da Coordenação de Comunicação Social da Presidência da Fiocruz (CCS), iniciou, no final do ano passado, a campanha Respeito à diversidade. A proposta é alertar sobre a importância de se reconhecer e respeitar a diversidade, seja ela de gênero, raça ou religião. Ainda em fevereiro, dois estudos liderados pela Fiocruz demonstraram a ação do antiviral Sofosbuvir – usado no tratamento da hepatite C – em infecções por febre amarela e chikungunya. Os dados, inéditos, foram obtidos em testes com camundongos. Na infecção por febre amarela, o antiviral diminuiu a mortalidade e as lesões no fígado dos animais. Nos casos de chikungunya, o Sofosbuvir reduziu a mortalidade, a inflamação articular e as sequelas neurológicas.

Em março, a Escola Fiocruz de Governo lançou residências multiprofissionais. Os alunos aprovados vão se especializar em Saúde da Família com ênfase na População do Campo, em Gestão de Políticas Públicas para a Saúde e em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. A Fiocruz Pernambuco desenvolveu uma nova técnica para detecção do vírus zika, mais sensível e barata que a PCR em tempo real (o padrão ouro hoje utilizado para diagnóstico molecular da doença), que mostrou-se eficiente nos testes com amostras de mosquitos. A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) inaugurou a exposição Do teu saudoso Oswaldo, que por meio de cartas, cartões postais, bilhetes e fotografias lançou um novo olhar sobre Oswaldo Cruz a partir de sua correspondência pessoal, abrangendo um período que se inicia em 1889 e se estende após a sua morte, em 1917. No mesmo mês, foi acertada uma parceria para a utilização, pelo Ministério da Saúde, do material didático produzido para o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS), coordenado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

O destaque de abril foi a conquista, pelo Museu da Vida da Fiocruz, do prêmio da Red de Popularización de la Ciencia y la Tecnología en América Latina y el Caribe (RedPOP), que a cada dois anos homenageia os que se destacam por suas contribuições à divulgação científica na região. Esse é o mais importante prêmio oferecido a pessoas e instituições que se dedicam à popularização da ciência na América Latina e no Caribe.

Em maio, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, participou da Assembleia Mundial da Saúde, integrando a delegação brasileira. Nísia participou de debates e foi palestrante em duas mesas. No mesmo mês, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) iniciou a produção do imunossupressor Tacrolimo, usado para evitar rejeição de rim e fígado transplantados. A demanda foi solicitada pelo Ministério da Saúde a fim de suprir a falta do produto no SUS. E o célebre Castelo Mourisco da Fiocruz ganhou um passeio virtual desenvolvido pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com outras áreas. Agora é possível visitar o Castelo pela internet.

Em junho tomou posse a Comissão de Honra dos 120 anos da Fundação, um grupo de especialistas em promoção da saúde para atuar na definição da agenda do aniversário da instituição, que chegará aos 120 anos em maio de 2020. Nesse mês também foi registrado um feito inédito na ciência mundial: em apenas 15 dias um projeto itinerante de sequenciamento genético liderado pelo IOC/Fiocruz gerou 126 genomas completos de vírus responsáveis por grandes surtos no país, sendo 69 de dengue, 34 de chikungunya e 23 de zika. O grupo responsável pelo estudo percorreu mais de 12 mil quilômetros em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Ainda em junho, um estudo da Fiocruz Bahia apontou a disseminação de infecção por HTLV no estado, que tem a maior taxa de infecção do vírus no Brasil. E um pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) fez parte de um grupo internacional que apresentou, em um artigo científico, uma nova opção para prevenir tuberculose em pessoas com HIV.

Um dos destaques de julho foi o termo de cooperação assinado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e a Fiocruz para realizar ações de formação e capacitação para melhorar o desempenho do SUS e também atividades que envolvam pesquisa e inovação e desenvolvimento de tecnologias. Outra parceria, esta entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais, revelou a situação, os territórios, as identidades e tradições de 64 comunidades indígenas, caiçaras e quilombolas de Angra dos Reis (RJ), Paraty (RJ) e Ubatuba (SP). No mesmo mês, Farmanguinhos/Fiocruz iniciou a distribuição do dicloridrato de Pramipexol, medicamento usado no tratamento de pacientes com doença de Parkinson, para atender a uma demanda emergencial solicitada pelo Ministério da Saúde. No final de julho, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e a representante da The Global Health Network (Rede de Saúde Global, TGHN), Trudie Lang, vinculada à Universidade de Oxford, assinaram um acordo, que prevê o estabelecimento de um centro de compartilhamento de conhecimento da Fiocruz, incorporado à plataforma online The Global Health Network. O centro de compartilhamento complementará as atividades de divulgação da Fiocruz, fornecendo visibilidade às atividades de pesquisa, ensino e desenvolvimento de capacidade da Fundação para um público internacional.

O mais completo levantamento sobre drogas já realizado em território nacional foi divulgado em agosto. Foi a primeira vez que um inquérito sobre o uso de drogas no país conseguiu alcançar abrangência nacional, sendo representativo inclusive de municípios de pequeno porte e de zonas de fronteira. O estudo foi coordenado pela Fiocruz e contou com a parceria do IBGE, do Inca e da Universidade de Princeton, nos EUA. Um encontro que reuniu representantes dos países que formam o grupo Brics, em torno das discussões sobre a Rede Global de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fiocruz, destacou a liderança da Fundação no setor. Ainda em agosto, um estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) traçou a evolução e dispersão de um dos perfis genéticos do vírus da hepatite B nas Américas.

Em setembro, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) assinou um acordo de cooperação com a Fiocruz para implementar ações conjuntas que assegurem a realização de formação, capacitação, estudos, pesquisas e desenvolvimento institucional de interesse mútuo na área de Direito Sanitário e em defesa do SUS. No mesmo mês, ocorreram ações de capacitação conjuntas entre a Fiocruz e o Ministério da Saúde para o uso do aplicativo SISS-Geo como uma das fontes de notificação de epizootias para a vigilância e combate ao avanço da febre amarela nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. E a Fiocruz lançou um novo espaço para a educação aberta, o Educare. A plataforma foi concebida como um ecossistema digital que oferece soluções para armazenar, disponibilizar e garantir o acesso de recursos educacionais abertos (REA) a toda sociedade.
  
No início de outubro, um estudo coordenado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) mapeou o impacto das queimadas para a saúde infantil na região amazônica. A pesquisa concluiu que, nas áreas mais afetadas pelo fogo, o número de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou. O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) inaugurou um laboratório de virologia para amostras clínicas. O espaço é resultado do acordo de codesenvolvimento da vacina inativada para dengue com a GSK. E o Icict/Fiocruz lançou um portal que oferece acesso livre a centenas de títulos com temáticas que interligam comunicação, informação, saúde pública e ciências sociais.

Em novembro, uma parceria entre a Fiocruz, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) viabilizou o projeto Atualização dos dados do Sistema de Informações Ambientais Integrado à Saúde, uma plataforma on-line que possibilita a avaliação da exposição à poluição atmosférica e seus impactos na saúde humana. Os resultados permitirão o desenvolvimento de estudos de poluição atmosférica e mudanças climáticas em relação à saúde humana. Também em novembro, a Cooperação Social da Fiocruz lançou a Cartilha de Prevenção à Violência Armada em Manguinhos, bairro no qual a Fundação está situada. O material informativo aborda o impacto da violência armada na saúde de moradores e trabalhadores do território e está disponível para download. Em Rondônia, pesquisadores da Fiocruz Rondônia e da Fiocruz Amazônia anunciaram a descoberta de uma nova espécie de flebotomíneo. A nova espécie de mosquito-palha foi nomeada como Pintomyia fiocruzi, em homenagem à Fiocruz, que completará 120 anos em 2020. Ainda em novembro, pela primeira vez, em quase 70 anos, o Brasil alcançou o registro, pela Anvisa, de um novo medicamento para o tratamento contra a malária vivax.

No último mês de 2019, foi lançado o aplicativo Dandarah, uma ferramenta para facilitar que a população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres e homens transexuais e intersexos) se informe, denuncie, registre, enfrente e evite diversas formas de violência às quais está sujeita. A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) abriu uma exposição sobre os vestígios arqueológicos da chaminé do Complexo de Incineração de Lixo em Manguinhos. Além das fundações da chaminé, o público conferiu mais de 30 peças selecionadas, testemunhas das sucessivas ocupações do sítio. Encerrando o ano de destaques, pesquisadores da Fiocruz anunciaram, em dezembro, o desenvolvimento de uma tecnologia para reconstrução craniana. A técnica tradicional custa aproximadamente R$ 200 mil por paciente. O novo procedimento tem um custo oportunidade de R$ 10 mil, o que torna possível expandir a metodologia para atender a demanda da população.

Texto: Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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Zika: guia orienta famílias e profissionais

IFF/Fiocruz lançou o Guia Prático de Direitos para Profissionais de Saúde e Famílias de Crianças com Zika. Documento visa orientar o acesso a direitos e o fluxo das famílias na rede intersetorial

Fiocruz na Antártica

Fiocruz iniciou parceria para pesquisas na Antártica. Projeto, que conta com laboratório permanente na nova Estação Antártica, reúne pesquisadores experientes para estudo multidisciplinar, que tem duração de quatro anos (confira especial)

Desastre da Vale

Fundação instalou sala de situação em saúde em Brumadinho para planejar ações de apoio aos afetados pelo rompimento da barragem e coordenar respostas de serviços em contexto emergencial (confira especial)

Estudo nacional sobre nutrição infantil

Em parceria com instituições como a Uerj, UFRJ e UFF, Fiocruz participa ativamente do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), lançado pelo Ministério da Saúde

Demanda emergencial abastecida no SUS

Fiocruz atendeu solicitação do Ministério da Saúde para produção de medicamentos essenciais que estavam faltando na rede pública

Lançamento do primeiro biossimilar

Novo produto da Fiocruz teve distribuição iniciada para todos os estados, para uso por pacientes em tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante e artrite psoriásica

Ato na Fiocruz a favor da vacinação

Trabalhadores, bolsistas, estudantes e moradores de comunidades vizinhas se reuniram na Fiocruz, em Manguinhos (RJ), para uma foto aérea onde uma grande gota simbólica foi registrada (confira especial)

Referência para tuberculose

O Laboratório de Tuberculose e de Micobacterioses Angela Maria Werneck e o Laboratório de Bacteriologia e Bioensaios foram habilitados no âmbito da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública

Duas novas espécies de vírus

Xapuri e Aporé foram achados por cientistas brasileiros da Fiocruz, que ajudam a construir o mapa ainda desconhecido da dispersão dos arenavírus no país

Novo laboratório para vírus emergentes

Fiocruz inaugurou no Paraná as novas instalações do Serviço de Referência em Vírus Emergentes e Reemergentes, com atividades integradas ao Ministério da Saúde, nas esferas estadual e municipal

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