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18/10/2016

Especial Drogas e Saúde Pública: Crack


Nos últimos anos, o consumo de crack apresentou crescimento considerável no Brasil. Algumas regiões, principalmente os grandes centros urbanos - nos quais existe maior visibilidade do uso da droga - vem buscando alternativas no intuito de minimizar danos e riscos do uso prejudicial da substância. Para contribuir com o debate, a Fiocruz tem realizado estudos e ações para uma abordagem do tema como um problema de Saúde Pública. Em outubro (21), a Fundação será sede para a apresentação de pesquisa coordenada pelo sociólogo Jessé Souza, professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta relação entre exclusão social e uso de crack. A apresentação dos resultados, seguida de debate com pesquisadores da Fiocruz que irão traçar paralelos com a Pesquisa Nacional sobre o Crack, será fundamental para desenhar políticas e formar linhas de cuidado para pessoas que tenham problemas com drogas. Saiba mais aqui

Em agosto deste ano, com debate no Viva Rio, o selo Fiocruz lançou documentário Crack, repensar, de Felipe Crekper e Rubens Passaro, que visa desconstruir a imagem da droga derivada da cocaína. “O filme reúne questões como a produção social, a exclusão, o que é o conceito de dependência, a possibilidade de uso abusivo e internação. Ao mesmo tempo, há uma solidez na abordagem do conceito transmitida ao público, que fará a grande síntese”, opinou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, que também preside a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), durante o debate que sucedeu a projeção e lotou o salão Pablo e Ana do Viva Rio. Confira o documentário na íntegra:

Outra pesquisa sobre o tema divulgada pela Fiocruz, em julho de 2016, foi uma análise dos significados desenvolvidos por profissionais de Consultórios na Rua da cidade do Rio de Janeiro sobre o consumo de crack por mulheres. Trata-se da dissertação do aluno de mestrado em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Gilney Costa Santos. O pesquisador explicou que, para os profissionais das equipes de Consultórios na Rua sobre o crack, essas definições são atravessadas por mitos, crenças e estereótipos, por vezes, ancorados na percepção empírica. “O uso de crack mobiliza o imaginário social e, em torno dele, discursos, práticas e políticas são socialmente produzidos e compartilhados. Embora, nem sempre consensuais, tais produções conformam identidades e lugares sociais aos sujeitos”, comentou. Leia mais sobre a pesquisa.

Em abril de 2016, gestores da saúde municipal e estadual, educadores sociais, agentes redutores de danos, pesquisadores e usuários de drogas participaram do seminário da pesquisa Vulnerabilidade de usuários de crack ao HIV e outras doenças transmissíveis: estudo sociocomportamental e de prevalência no estado de Pernambuco, promovido pela Fiocruz Pernambuco. No evento, realizado com o objetivo de partilhar com o público os resultados do estudo, foram apresentados dados do perfil e da vulnerabilidade de usuários de crack do Recife, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão, na Região Metropolitana, e de Caruaru, no agreste do estado. Os dados mostram que, na maioria, eles são homens jovens, que começaram a usar drogas antes dos 18 anos, influenciados por outras pessoas. Vivem em situação de rua e têm baixa escolaridade. Saiba mais aqui. Leia reportagem especial sobre o estudo publicado no Informe Fiocruz Pernambuco

O crack é uma droga de rápida absorção que causa impacto instantâneo na saúde global dos usuários e provoca comprometimento clínico e psiquiátrico. Publicado pela Editora Fiocruz em janeiro de 2016, o livro Crianças, Adolescentes e Crack: desafios para o cuidado aborda o consumo da droga por crianças e adolescentes e as consequências que sofrem com o uso da substância por pais ou responsáveis. O livro reúne dez capítulos e tem por base os resultados de duas pesquisas realizadas em 2011 e 2012 pela Fiocruz: O Desafio da Rede no Atendimento de Crianças e Adolescentes Usuários de Crack e/ou Acolhidas Institucionalmente pelo Uso do Crack dos Pais/Responsáveis e Pesquisa Nacional do Crack. A primeira foi desenvolvida a partir de estudos de caso em sete cidades nas cinco regiões brasileiras: Norte, em Manaus; Centro-Oeste, em Ponta Porã; Nordeste, em Salvador; Sudeste, no Rio de Janeiro e em São Paulo; e Sul, em Porto Alegre e Curitiba. Já a segunda pesquisa foi realizada em 27 capitais do país. Leia mais sobre o livro.

“No Brasil, o consumo de crack adquire dimensão expressiva, principalmente devido à sua visibilidade enquanto comportamento observável em cenas abertas de tráfico e consumo e também por despertar certo incômodo social, aparentemente pelo fato de os usuários serem de classe social mais empobrecida/marginalizada, fazerem uso em locais públicos e devido à associação (continuamente reforçada pelo senso comum e pelos meios de comunicação) com  problemas relacionados à violência e criminalidade nas grandes cidades.” A constatação é da aluna de doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Lidiane da Silveira Gouvea Toledo. Apresentada em janeiro deste ano, sua tese teve por objetivo analisar a inter-relação entre o uso de crack e similares em cenas abertas e envolvimento com a justiça criminal no Rio de Janeiro, de 2011 a 2013. Saiba mais sobre o estudo.

Com a finalidade de orientar as políticas governamentais e sociais com relação à população usuária de crack e outras drogas similares, além de trazer números sobre a real situação do crack no país, no final de 2014, a Fiocruz lançou o livro digital Pesquisa Nacional sobre o Uso de Crack – Quem são os usuários de crack e/ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras?, organizado pelos pesquisadores Francisco Inácio Bastos e Neilane Bertoni do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologica em Saúde (Icict/Fiocruz). Resultado de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e a Fiocruz, a pesquisa foi considerada a maior do mundo na temática e trouxe uma ampla investigação, que buscou delinear o perfil dos usuários de crack no Brasil e estimar a proporção dessa população nas 26 capitais e no Distrito Federal. Leia mais sobre a pesquisa e tenha acesso ao livro.

Leia mais notícias sobre o tema publicadas na AFN nos últimos anos:

12/9/2014 Mulheres e crack: artigo reafirma as diferenças de gênero

24/4/2014 Seminário apresenta dados e iniciativas sobre o consumo de crack

13/12/2013 Pesquisa propõe tipologia para análise do uso de crack no Rio

27/9/2013 Coordenadores falam da maior pesquisa sobre consumo de crack

19/9/2013 Pesquisa revela que maioria dos usuários de crack quer se tratar

19/9/2013 Curiosidade é o principal fator para o início do uso do crack

19/9/2013 Contaminação pelo HIV é 8 vezes maior entre usuários de crack

19/9/2013 Adultos jovens são os principais usuários de crack

08/8/2013 Dissertação aponta o perfil do consumo de crack no Brasil

17/5/2013 Pesquisa enfoca usuários de crack no Rio e em Salvador

17/4/2013 Estudo mostra que jovens vulneráveis são maioria dos usuários

25/1/2013 Crack: medidas de repressão são tema de debate em artigo

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